quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A AUTORIDADE DA ESCRITURA SAGRADA



Homilia do Reverendo Heber Ramos Bertucci
À Congregação Presbiteriana em Itatiaia
Sobre “A Autoridade da Escritura Sagrada”
Em Mt. 4:4

Introdução

1. A Bíblia é importante para nós cristãos. Ela é a Palavra de Deus. Com estes pressupostos em mente, eu quero estudar com a Igreja hoje sobre “A Autoridade da Escritura Sagrada”.

I – A Crise de Autoridade Religiosa

2. O primeiro ponto que este tema me leva a refletir é que há uma crise de autoridade religiosa que a humanidade vem passando já há muito tempo. Provamos isto com Tomas de Aquino (1225 – 1274), que na sua obra “Súmula contra os gentios”, datada do século XIII, já falava sobre esta crise de autoridade. Ele escreveu que uma das razões pelas quais é difícil refutar todos os erros “... é que alguns dos autores desses erros, como os maometanos e os pagãos, não concordam conosco no reconhecimento da autoridade das Sagradas Escrituras, mediante as quais poderíamos convencê-los”. [1] Segundo ele, isso não acontece nem com os judeus e nem com os cristãos heréticos, pois, se com aqueles, nós “... podemos discutir à base do Antigo Testamento”, [2] com estes, nós “... podemos discutir com base nos escritos do Novo Testamento.” [3]
3. Com base nessa crise de autoridade, tão atuante na modernidade quanto foi na época de Tomás de Aquino (1225 – 1274), creio ser a solução desafiadora do autor contemporâneo Gleason L. Archer, Jr. satisfatória. Ele afirma que para começarmos um estudo do Antigo Testamento, nos é apropriado perguntar: “que tipo de livro é?”. Há duas possibilidades: ou é um produto humano ou divino. Portanto, a Bíblia Sagrada pode ser considerada por nós ou como um livro inspirado por Deus, ou um livro de invenção humana.
4. Se nós temos a Bíblia como um produto do gênio humano, “... como muitos outros documentos nos quais têm-se fundamentado várias religiões, então os dados que apresenta precisam ser tratados de uma maneira específica.” [4] Isso significa que a abordagem que parte do pressuposto que toda a Escritura Sagrada é produto do gênio humano, deve ter o seu próprio método de interpretação destes livros. E qual seria este método? É aquele que ensina que “... estas escritas sagradas precisam ser aquilatadas em termos puramente literários, e explicações naturalísticas [5] precisam ser achadas para cada aspecto que parece ser sobrenatural (como por exemplo o cumprimento de profecias).” [6] Em outras palavras, todos os elementos sobrenaturais deverão ser retirados do texto Sagrado, pois, se pensará que ele não vem de um Deus todo-poderoso, mas, da invenção humana. Mas, se para nós as Escrituras Sagradas são inspiradas por Deus, que empregou “... instrumentos humanos para registrar a verdade que Ele revelou ao homem, então os dados precisam ser tratados de maneira bem diferente.” [7] Que maneira seria esta? A resposta é que “... tudo aquilo que possa parecer inconsistente com aquele padrão de exatidão e de veracidade que a inspiração divina pressupõe, precisa ser investigado com grande cuidado para se chegar a uma reconciliação satisfatória daquilo que parece ser discrepância.” [8] O que este método de interpretação pressupõe é que a Escritura Sagrada é superior ao homem porque ela tem a sua origem em Deus.
5. Eis alguns textos da própria Bíblia que confirmam o que acabamos de dizer. O Sl. 119:133 diz: – Firma os meus passos na tua palavra, e não me domine iniquidade alguma.” Esse texto nos ensina que a Palavra de Deus pode firmar os nossos passos e evitar que o pecado, que nos afasta de Deus, nos domine. II Pe. 01:21 afirma: “ ... nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” Esse verso fala que a Bíblia vem de Deus e que ele usou seres humanos para registra-la a nós. E, por fim, em Mt. 5:18 diz: “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.” Neste texto vemos que a Bíblia é tão importante que o que ela ensina se cumpre, porque vem da mente onisciente de Deus para nós, o seu povo. Portanto, esses textos e muitos outros nos ensinam que não devemos cair na crise de autoridade religiosa que impera ao nosso redor. A Bíblia é a Palavra de Deus e essa deve ser a nossa crença hoje e sempre!

II – A Bíblia É O Nosso Princípio Motivador de Vida

6. O segundo ponto que o nosso tema de hoje me leva a refletir é que sendo a Bíblia a nossa autoridade porque ela vem de Deus, então, nós devemos tê-la como o nosso princípio motivador de vida. A primeira resposta de Jesus ao diabo na tentação, registrada em Mt. 4:4 foi: “Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” Isso quer dizer que nós vivemos através da Palavra de Deus, ou seja, ela é o princípio norteador de nossas vidas. Aqui é interessante explicar um pouco sobre a palavra “princípio”. Este termo é muito para qualquer área do saber, seja a ciência, a política ou mesmo, a religião. Princípio “... provém do latim ‘princípium’ e, corresponde, em significado ao  arché grego, quando denota uma fonte ou causa de onde procede uma coisa.” [9]
7. Vejo nesta definição um elemento norteador, pois, sendo um princípio um “Ponto de partida e fundamento de um processo qualquer”, [10] é certo que o princípio desenvolve uma meta ou uma motivação para que algo seja realizado e permaneça na mente e atitude de quem o planejou. O autor de Hebreus diz em Hb. 5:12 Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido.” Nesse texto, a expressão “princípios elementares” (tá stoicheia tes arches) alude às lições que as crianças “... aprendem antes de avançarem para os estudos mais profundos.” [11] Olhemos os dois versos seguintes: 13 Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. 14 Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal.” Estes versos nos ensinam o termo “princípio” neste caso é algo que serve como base para um conhecimento mais profundo. Ele não deve ser subestimado, antes, deve ser assimilado e estar sempre na mente e na ação de quem o conhece. Aliás, isso é ter sabedoria: não é apenas dominar meras especulações de assuntos existenciais, mas, é se praticar a teoria que se domina.
8. Ao tomarmos a consciência de que a Bíblia é o princípio motivador de nossas vidas, o próximo passo é buscarmos um método para que tenhamos sempre mais contato com a Palavra de Deus. O termo método é grego, sendo formado por “... meta (‘no meio de’, ‘centro de’) e hodós (‘caminho’).” [12] Um método, portanto, de seu ponto de vista etimológico, [13] é “... o emprego de um caminho, andar dentro e através dele.” [14] Um método para agir é tão importante que “Se uma pessoa adota um falso método, ela é semelhante a alguém que toma uma estrada errada que jamais a levará a seu destino.” [15] Portanto, tudo que fazemos, das coisas mais simples às mais complexas, envolve um método: seja sair de casa para ir ao trabalho, seja ter horário certo para dormir, ou até mesmo como alcançar uma promoção no trabalho. Se, no entanto, o método que adotamos não for coerente ou for utilizado de forma errada por nós, o nosso objetivo ficará cada vez mais distante.
9. O filósofo francês René Descartes (1596 – 1650), em sua obra “Discurso do método” disse que “... não é suficiente ter o espírito bom, o principal é aplica-lo bem.” [16] Isso quer dizer que apenas boa vontade ou boas ideias para se agir não basta se não tivermos um bom método para alcançar os objetivos propostos. [17] Nas palavras ainda de Descartes (1596 – 1650): “As maiores almas são capazes dos maiores vícios, tanto quanto das maiores virtudes, e os que só andam muito lentamente podem avançar muito mais, se seguirem sempre o caminho reto, do que aqueles que correm e dele se distanciam.” [18] Estas palavras são verdadeiras porque nos ensinam que não devemos culpar os outros por coisas que nós não realizamos porque, na maioria das vezes, não queremos. É muito fácil dizer que somos desta ou daquela forma por causa do sistema no qual estamos inseridos, ou por causa do nosso chefe, ou ainda, por causa de nossa estrutura familiar. Por mais que em muitos casos as coisas externas nos influenciem, sempre fica a dica para que você tente fazer a sua parte e cresça na sua área, através da oração e da ação. É uma lição difícil, mas, precisamos aprender a não culpar os outros por nossas desgraças pessoais, e olhar para nossas ações para descobrir o que nós fizemos de errado. Nós somos capazes de alcançar o sucesso pessoal. Basta acreditar em Deus e seguir!
10. Voltando ao nosso ponto principal, já que a Bíblia é o nosso princípio motivador de vida, é necessário termos um método para estuda-la. Este método é bem simplificado no Sl. 1:2Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. Nesse texto o salmista nos leva a meditar na lei do Senhor durante a nossa vida. O mesmo nos faz Josué em Js. 1:8 que diz: Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido.” Este verso nos ensina a termos contato diário com a Palavra de Deus. Sem dúvidas, este é o principal método para que a Bíblia seja, de fato, reconhecida como o princípio norteador de nossas vidas.

Considerações Finais

11. Concluindo a nossa homilia desta noite, nós vimos sobre “A Autoridade da Escritura Sagrada”. Vimos que há uma crise de autoridade religiosa há muito tempo e que não vemos permitir que esta crise se instale em nosso coração. Vimos também que a Bíblia é o nosso princípio motivador de vida e ela jamais deve perder este papel para nós. Que Deus nos abençoe e nos ajude a crermos sempre mais em sua Palavra e a aplica-la em nossos corações. Hoje e sempre, Amém!

  

Homilia pronunciada em Itatiaia – RJ, junto à Congregação Presbiteriana em Itatiaia, no dia 25 de agosto – Culto Noturno Solene ao Senhor – de 2013, feitos dois anos e oito meses de minha ordenação ao Sagrado Ministério.





NOTAS:

[1] Aquino, Tomás de.  Súmula contra os gentios.  Tradução de Luiz João Baraúna.  In: Aquino, Tomás de; Alighieri, Dante.  Seleção de textos.  Tradução de Luiz J. Baraúna; Alexandre Correa; et al.  São Paulo – SP: Nova Cultural, 1988.  Cap. 2º, p. 60.  (Coleção “Os Pensadores”).
[2] Tomás de Aquino.  Súmula contra os gentios.  Tradução de Luiz João Baraúna.  In: Ibid., Cap. 2º, p. 60.  (Coleção “Os Pensadores”).
[3] Tomás de Aquino.  Súmula contra os gentios.  Tradução de Luiz João Baraúna.  In: Ibid., Cap. 2º, p. 60.  (Coleção “Os Pensadores”).
[4] Archer Jr., Gleason L.  Merece confiança o Antigo Testamento?  Tradução de Gordon Chown.  4. ed.  São Paulo – SP: Vida Nova, 2004.  p. 14.
[5] A visão naturalística que Archer, Jr. se refere, trata-se, segundo Russel C. Champlin, do “... pensamento que o mundo e todas as coisas nele existentes devem ser explicados com base na ciência natural, sem apelos à teologia e a conceitos do sobrenatural. E quando as coisas transcendem ao presente conhecimento que possuímos, então somos convocados a ter fé no inexorável avanço da ciência, a qual, presumivelmente, poderá mostrar, afinal, que todas as coisas são naturais.” (Liberalismo.  In: Champlin, Russel Norman.  Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia.  6. ed. São Paulo – SP: Hagnos, Vol. 4 (M - O), 2002.  p. 457). Ampliando nossa visão, N. Abbagnano ensina que o naturalismo é a “Doutrina segundo a qual nada existe fora da natureza e Deus é apenas o princípio de movimento das coisas naturais. Nesse sentido, que é o mais difundido na terminologia contemporânea, fala-se do ‘Naturalismo do Renascimento’, do ‘Naturalismo antigo’, do ‘Naturalismo materialista’, etc.” (Naturalismo.  In: Abbagnano, Nicola.  Dicionário de filosofia.  Tradução de Alfredo Bossi e Ivone C. Benedetti.  5. ed.  São Paulo – SP: Martins Fontes, 2007.  p. 698). A abordagem naturalista é anti-sobrenatural e, como tal, não reconhece o sobrenaturalismo de Deus. Por isso deve ser rejeitada no estudo da Bíblia Sagrada, pois limita o ensino Bíblico a meras conjecturas humanas. (Cf. também: McDowell, Josh.  Evidência que exige um veredicto: evidência histórica da fé cristã.  Tradução de João M. Bentes.  2. ed.  São Paulo – SP: Candeia, 1997.  v. 2, p. 23 – 42).
[6] Gleason L. Archer Jr., Merece confiança o Antigo Testamento?, p. 14.
[7] Ibid., p. 14.
[8] Ibid., p. 14.
[9] Costa, Hermisten Maia. P. da. Teologia sistemática: prolegômena.  São Paulo – SP: Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel as Conceição, fevereiro de 2005.  f. 24.  Anotações parciais de aula da disciplina Teologia Sistemática I (Prolegômena / Teontologia e Antropologia), ministrada no Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição, São Paulo Capital.  [Trabalho não publicado].
Cf. também: avrch,.  Gingrich, F. Wilbur; Danker, Frederick.  Léxico do N.T. grego/português.  Tradução de Júlio P. T. Zabatiero.  São Paulo – SP: Vida Nova, 2003.  p. 35; D. Müller; L. Coenen; H. Bietenhard.  avrch,Coenen, Lothar; Brown, Colin.  Dicionário internacional de Teologia do Novo Testamento.  Tradução de Gordon Chown.  2. ed.  São Paulo – SP: Vida Nova, 2004.  v. I (A – M), p. 366 – 371; Princípio.  In: Champlin, Russel Norman.  Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia.  6. ed. São Paulo – SP: Hagnos, v. 5 (P - R), 2002.  p. 388.
[10] Princípio.  In: Nicolas AbbagnanoDicionário de Filosofia, p. 928.
[11] Barnes, Albert.  Barnes’ Notes on the Bible: Hebrews.  Rio, WI USA: AGES Software, 2000.  1 CD – ROM.  v. 16, Hb. p. 175.  (The Ages Digital Library Commentary, Version 1.0).  [CD – ROM 1, The Master Christian Library (“Theology & Collection Library”) © 2000 AGES Software].
[12] Hermisten Maia. P. da Costa, Teologia sistemática: prolegômena, f. 65.  [Trabalho não publicado].
Cf. também: Método. In: Nicola Abbagnano, Dicionário de filosofia, p. 780; Método na teologia, metodologia.  In: Grenz, Stanley J.; Guretzki, David; Nordling, Cherith Fee.  Dicionário de Teologia: mais de 300 conceitos teológicos definidos de forma clara e concisa.  Tradução de Josué Ribeiro.  São Paulo – SP: Vida, 2002.  p. 88.  [Edição de Bolso]; meta,In: F. Wilbur Gingrich; Frederick DankerLéxico do N.T. grego/português, p. 133 – 134; o`do,jIn: Ibid., p. 143.
[13] A palavra etimologia é grega: evtumologi,a (etimología). Ela é formada de e;tumoj (etmos): “verdadeiro” ou  “real”, e logo,j (logos): “palavra”, tendo assim o significado de “palavra verdadeira”. Nessa definição o sentido do termo é dado pela raiz histórica da(s) palavra (s) que o compõe (m). (Cf.: Costa, Hermisten M. P. da.  Noções de lógica.  São Paulo - SP, Agosto de 2001.  f. 35.  Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição, Agosto de 2001.  Anotações de aula da disciplina “Lógica” ministrada no Seminário Presbiteriano Rev. J. M. Conceição.  [Trabalho não publicado]).
[14] Hermisten Maia. P. da Costa, Teologia sistemática: prolegômena, f. 65.  [Trabalho não publicado].
[15] Hodge, Charles.  Teologia sistemática.  Tradução de Valter Martins.  São Paulo – SP: Hagnos, 2003.          p. 2.
[16] Descartes, René.  Discurso do método.  In: _____.  Descartes.  Tradução de J. Guinsburg e Bento P. Júnior.  São Paulo – SP: Abril Cultural, 1973.  p. 37.  (Coleção “Os pensadores”).
[17] Cf.: Hermisten Maia. P. da Costa, Teologia sistemática: prolegômena, f. 65.  [Trabalho não publicado].
[18] Descartes, René.  Discurso do método.  In: _____.  Descartes, p. 37.  (Coleção “Os pensadores”).

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O SIGNIFICADO DO TERMO SACRAMENTO




“Há outro auxílio à nossa fé, afim à pregação do Evangelho, nos sacramentos, sobre os quais é muito importante que ensinemos uma doutrina certa, a partir de onde aprendamos para que finalidade foram instituídos e qual o seu uso agora.- Calvino, João.  A instituição da religião cristã.  Tradução de Elaine C. Sartorelli et al.  São Paulo – SP: UNESP, 2009.  Tomo II, Livro IV, XIV, 1, p. 692.  (Edição integral de 1559).


1.1 - Prolegômenos


1.1.1 – A relevância de um estudo sobre o termo sacramento


O teólogo reformado Alister E. McGrath afirma que há duas classes de indivíduos que podem se beneficiar com um estudo sobre os sacramentos: os pastores e os mestres. Para ele, estudos dessa natureza “... são de grande relevância para o estudante de teologia que pretende exercer o ministério pastoral. No entanto, interessam também àqueles que estudam a teologia por razões mais acadêmicas.” [1] O reformador João Calvino (1509 – 1564) inicia o capítulo intitulado “Os Sacramentos” de sua obra “Instituição da Religião Cristã”, enfatizando que é relevante este estudo se ele for canalizado a uma verdadeira orientação ortodoxa: [2] “Há outro auxílio à nossa fé, afim à pregação do Evangelho, nos sacramentos, sobre os quais é muito importante que ensinemos uma doutrina certa, a partir de onde aprendamos para que finalidade foram instituídos e qual o seu uso agora. [3]
Podemos aplicar a ênfase destes dois teólogos citados acima na questão da definição [4] do termo sacramento. Essa definição será útil a pastores na instrução de suas Igrejas, e a mestres na instrução de seus alunos. O estudo também levará os que dele se esmeram a descobrir a autêntica ortodoxia e aplicá-la à sua cosmovisão cristã.

1.1.2 – A dificuldade de se dar um significado ao termo sacramento


É importante estudarmos sobre o termo sacramento, mas, é certo que isso não é fácil. Nesse campo, não podemos ser incautos e realizar nossa pesquisa sem cautela. O que nos norteará neste estudo é o fato apontado por McGrath: “Logo ficará claro que o termo ‘sacramento’ é extremamente difícil de definir, devido à controvérsia existente entre as igrejas cristãs quanto à natureza e à quantidade de sacramentos.” [5] Isso significa, de acordo com Charles Hodge (1797 – 1878), que “O uso eclesiástico da palavra foi influenciado por várias circunstâncias”; [6] e segundo Pierre Marcel, que “A significação eclesiástica do termo ‘sacramento’ tem sido muito variada no decorrer da história da Igreja e tem sido influenciada por uma diversidade e circunstâncias.” [7] Estes fatos nos orientam a sempre ratificar nossa pesquisa com várias fontes por sabermos das dificuldades históricas que permeiam este tema. Sendo assim, no próximo ponto começaremos a análise histórica do termo sacramento.

1.2 – Definição de Sacramento


1.2.1 – Etimológica [8]


De acordo com Russel N. Champlin, “A palavra portuguesa ‘sacramento’ vem do latim sacramentum, [9] termo que significa algo que é: “sagrado”; [10] “santo [11] ou consagrado”, [12] e “sacro”. [13] Quimo Setímio Florêncio Tertuliano (cf.: 155 – 235), afirma que no uso comum do latim, a palavra sacramentum tem o sentido de “um juramento sagrado”. [14]

1.2.2 – Sistemática [15] e histórica


A definição etimológica de sacramentum nos leva as seguintes considerações sistemáticas do termo: o historiador protestante David S. Schaff nos ensina que a palavra tinha um sentido peculiar aos romanos. [16] Alexander A. Hodge (1823 – 1886), filho e sucessor de Charles Hodge (1797 – 1878), escreve que esse sentido peculiar é que “Em seu uso clássico, [o termo] designava alguma coisa que obrigava ou envolvesse obrigações”. [17]
Dentro dessa visão sistemática, podemos agora formular uma idéia histórica do termo sacramentum. J. C. Lambert escreve que “A palavra ‘sacramento’  (...)  no período clássico da língua [latina] foi usado em dois sentidos principais.” [18] Estes sentidos são separados pela idéia de tempo, de acordo com teólogo reformado Hermisten M. P. da Costa. [19] O primeiro sentido era designar um termo legal “... para denotar uma quantia de dinheiro depositada por duas partes para uma ação judicial...”. [20] O teólogo reformado Louis Berkhof (1873 – 1957) afirma que duas partes estavam em litígio, e, “Após a decisão da corte, o dinheiro da parte vencedora era devolvido, enquanto que a da perdedora era confiscada.” [21] O dinheiro deixado servia então como uma garantia [22] para o processo judicial. A ligação desse primeiro sentido com a definição etimológica do termo sacramentum, que é “sagrado”, está no fato de que a parte do dinheiro que era confiscada “... objetivava ser uma espécie de oferenda propiciatória aos deuses.” [23] Nas palavras de Charles Hodge: “Em procedimentos legais, o dinheiro depositado pelas partes litigiosas era chamado ‘sacramentum’ porque, quando confiscado, era aplicado a propósitos sacros.” [24]
O segundo sentido, segundo Lambert, era designar um termo militar “... para designar o juramento de obediência feito por um soldado recém alistado.” [25] Schaff afirma que essa obediência e lealdade [26] eram dos “... soldados ao estandarte militar”. [27] Charles Hodge descreve que a obediência também se reportava do soldado ao seu país, [28] e Adão Carlos Nascimento com Alderi Souza de Matos descrevem que Sacramento era o nome dado ao juramento que o soldado fazia de fidelidade ao imperador, até a morte.” [29] João Calvino sobre este sentido de sacramentum escreve que ele “... significa aquele juramento solene que o soldado presta a seu comandante quando se alista sobre a sua bandeira.” [30] Por este juramento ser solene, Hermisten Costa afirma que ele envolvia “... as obrigações decorrentes deste compromisso.” [31]

1.3 – A conexão entre o termo sacramentum e a Igreja


1.3.1 – Palavras de Plínio


Plínio, o moço (Cf.: 62 – antes de 114 A.D.), governador da província romana da Bitínia (Cf.: 112 A.D.), [32] pareceu favorecer a aplicação da idéia de sacramentum como um juramento de um soldado ao seu senhor, aos cristãos. Schaff relata: Escrevendo cerca de 110 A.D., Plínio parece ter tido em mente a primeira acepção, quando referiu que os cristãos se comprometiam por um juramento - Sacramentum - não cometeram assassínio ou qualquer outro mal.” [33] Lambert também relata as palavras de Plínio e diz:

Plínio (cerca de 112 A.D.) descreve os cristãos da Bitínia como ‘comprometendo a si mesmos pelo sacramentum a não cometer nenhum tipo de crime” (Epístola X. 97), (...)  os eruditos estão agora certos de que Plínio aqui usa a palavra em seu antigo sentido romano de um juramento de obrigação solene... [34]

1.3.2 – O sentido da obediência: Tertuliano


Tertuliano de Cartago, na África [35] (cf.: 155 – 235), um dos chamados “Pais da Igreja [36] Ocidental”, foi quem fez a transição do termo sacramentum para a teologia latina cristã. Lambert afirma que “É nos escritos de Tertuliano (fim do 2º e início do 3º século) que nós encontramos a primeira evidência da adoção da palavra como um termo técnico para designar o Batismo, a Ceia do Senhor e outros ritos da Igreja Cristã.” [37] Schaff também contribui com este assunto ao registrar que “A palavra latina sacramento – sacramentumfoi primeiro usada, entre os escritores cristãos, por Tertuliano, cerca do ano 200, ao falar do batismo como o ‘sacramento da água’ e o ‘sacramento da fé’, aludindo também ao ‘sacramento da eucaristia’.” [38] Champlin descreve que “Tertuliano usou o termo para denotar fatos sagrados, sinais misteriosos e salutares, atos santos que servem de veículo. Num sentido tão amplo, ate mesmo alguma doutrina das Escrituras pode ser chamada de sacramento.” [39]
McGrath nos ratifica, de forma interessante, a contribuição de Tertuliano para a teologia cristã ocidental ao fazer um paralelo entre o termo sacramentum, como significando o juramento do soldado a seu senhor, com o juramento do cristão em servir a Deus. Ele afirma:

Tertuliano aponta que no uso comum do latim, a palavra sacramentum significa ‘um juramento sagrado’, uma referência ao juramento de lealdade e obediência, que era exigido dos soldados romanos. Tertuliano usa este paralelo como meio de trazer à tona a importância dos sacramentos em relação ao compromisso e lealdade dos cristãos para com a igreja. [40]

Nascimento e Matos dizem que usamos o termo sacramento aplicado aos sacramentos para ter a seguinte analogia: “No batismo o crente faz um juramento de fidelidade a Cristo até a morte; e quando participa da Santa Ceia, o crente reafirma este juramento.” [41] Concluímos esta série de aplicações de Tertuliano com a que Calvino faz quando escreve que: “Assim como os novos soldados, com esse sacramento militar, sujeitam sua fé ao comandante, e declaram-se soldados seus, assim também nós, com nossos signos, declaramos que Cristo é nosso comandante e atestamos que combatemos sob sua bandeira.” [42]

1.3.3 – A tradução de Mystérion para sacramentum em Versões Latinas


Tertuliano contribuiu na ênfase que deu à tradução existente em versões [43] latinas das Escrituras Sagradas do termo grego mystérion para sacramentum. De acordo com McGrath, é bem possível que o próprio Tertuliano tenho sido o autor de tal tradução:

É bem possível que ele já conhecesse esta tradução por meio das versões latinas do Novo Testamento. No entanto, como já vimos, Tertuliano era notório por sua capacidade de inventar novos termos latinos para traduzir termos teológicos em grego, sendo perfeitamente possível que esta tradução tenha sido feita por ele. [44]

Estas palavras de McGrath são concordadas por Schaff. [45] Lambert também ratifica tal raciocínio:

A adoção cristã de sacramentum pode ter sido ocasionada em parte pelas analogias evidentes que a palavra sugere com o Batismo e a Ceia do Senhor; mas o que parece ter, de fato, liderado esta adoção foi o fato de que nas Versões Antigas em Latim (como depois na Vulgata), foi empregado para traduzir o grego [mustérion], “mistério”. [46]

Lambert afirma que as versões latinas antigas traduziram o termo grego mystérion pelo latino sacramentum. Depois, no século IV, a Vulgata Latina, [47] versão elaborada por Jerônimo (342 - 420) [48] a pedido do Papa Dâmaso (304 – 384), [49] fez o mesmo. O Catecismo da Igreja Católica [50] afirma que além da tradução de mystérion por sacramentum, em algumas ocasiões mystérion é traduzido pelo termo latino mysterium: A palavra grega ‘mysterion’ foi traduzida para o latim por dois termos: ‘mysteriume ‘sacramentum’. Na interpretação ulterior, o termo ‘sacramentum’ exprime mais o sinal visível da realidade escondida da salvação, indicada pelo termo ‘mysterium’.[51]
Para entendermos estas palavras do Catecismo Romano, é mister ulteriormente observarmos as seguintes questões sobre o termo mystérion e sua inerência com a fé cristã.

1.3.3.1 – O significado do termo grego Mystérion


De acordo com Günter Finkenrath, a palavra grega mystérion é derivada de muw (myo) que significa “fechar” (a boca) tendo o significado de “aquilo que não deve nem pode ser dito”. Finkenrath também nos diz que mystérion no plural “... é quase exclusivamente um termo técnico para festivais tais como aqueles que eram realizados em Elêusis desde o século XVIII a.C., e que eram generalizados durante o período helenista [52] e especialmente nos tempos cristãos como os mistérios associados com Isis, Átis, Mitras, etc.[53] sobre a celebração dos mistérios da divindade ele escreve:

A celebração do mistério fazia uma representação cerimonial e dramática da divindade que padecia a morte e a ela vencia, e os iniciados atingiam a salvação e a deificação mediante a participação nos fortúnios da deidade por meio de atos sacramentais tais como o batismo, as festas rituais e as cerimônias da morre e da ressurreição. [54]

Também é digno de nota aqui que “Os atos e símbolos cultuais eram conservados rigorosamente secretos.” [55]

1.3.3.2 – A conexão de Mystérion com sacramentum


Há uma ligação entre a palavra mystérion e o termo sacramentum. Por isso foi comum a tradução daquele termo por este. Charles Hodge diz que o termo sacramentum por ser aplicado ao que era sagrado ou consagrado, tornou-se logo inerente a “... algo que continha um significado sacro ou oculto. Neste sentido, foi aplicada a todos os ritos e cerimônias religiosas. Isso a manteve em conexão com a palavra grega mystérion...”. [56] Marcel alude ao fato que a etimologia do termo sacramentum, “sacro”, pode ligá-lo à idéia de “secreto” ou “o que está relacionado a um mistério”. “Neste sentido foi usada para de designar ritos e cerimônias religiosas. Em seu sentido religioso a palavra ‘sacramento’ é relacionada com a palavra grega mysterion, que significa segredo, mistério, em cujo conhecimento o homem necessita ser iniciado.” [57] Concorda com isso Alexander A. Hodge que afirma: “Em seu uso eclesiástico, o termo, enquanto retém seu sentido geral de algo obrigatório como sagrado, era num período primitivo usado como o termo latino equivalente ao grego, mysterion,  (...)  e portanto qualquer símbolo, tipo ou rito que possui um sentido espiritual latente.” [58] Sobre esses ritos Marcel escreve: “Ritos e cerimônias religiosas - o sinal da cruz, unção com óleo, pregação, confirmação, oração, auxílio aos doentes, explicação mística ou alegórica da Escritura, etc. - são igualmente chamados sacramentos.” [59] A idéia de sacramentum ficou tão vaga que, “Ate à Idade Media  (...)  Abelardo enumerou cinco sacramentos, enquanto Hugo de S. Vitor enumerava trinta deles!” [60]

1.3.3.3 – A ligação de mystérion e sacramentum com a fé cristã


É necessário agora, após ter dado o significado do termo mystérion e a sua conexão com a palavra sacramentum, ligá-los e aplicá-los à fé cristã. Berkhof afirma que a transição de sacramentum para o uso cristão do termo deve ser procurada em duas questões: Primeira, “no uso militar do termo, em que denotava o juramento pelo qual um soldado prometia solenemente obediência ao seu comandante, visto que no batismo o cristão promete obediência ao seu Senhor”, [61] e segunda, “no sentido especificamente religioso que o termo adquiriu quando a Vulgata o empregou para traduzir o grego mysterion. É possível que este vocábulo grego fosse aplicado aos sacramentos por terem eles uma tênue semelhança com alguns dos mistérios das religiões gregas.[62] A aplicação vista em Berkhof é própria de Tertuliano, conforme narra McGrath: Tertuliano usa este paralelo como meio de trazer à tona a importância dos sacramentos em relação ao compromisso e lealdade dos cristãos para com a igreja.” [63] Esta é uma aplicação necessária a se fazer. Os cristãos devem ser ensinados a terem compromisso com a sua fé, sua Igreja, e conseqüentemente, com sua identidade.

1.3.3.4 – Alguns locais traduzidos por sacramentum na Vulgata Latina


Schaff refere-se ao fato de que “A palavra ‘sacramento’ não ocorre nas versões inglesas, protestantes, das Escrituras. Na Vulgata de Jerônimo e na versão de Rheims é empregada certo número de vezes para traduzir a palavra grega mistério – mysterion.” [64] Com relação a versão portuguesa das Escrituras, temos o testemunho de Nascimento e Matos, que escrevem: “A palavra sacramento não está na Bíblia.” [65] Calvino nos cita quatro passagens onde na Vulgata Latina temos a tradução da palavra grega mystérion pela latina sacramentum: Ef. 1:9desvendando-nos o mistério (Texto grego: mystérion; Vulgata: sacramentum”). Ef. 3:3segundo uma revelação, me foi dado conhecer o mistério (Texto grego: mystérion; Vulgata: sacramentum). Cl. 1:26O mistério (Texto grego: mystérion; Vulgata: sacramentum”) que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos”. I Tm. 3:16“Evidentemente, grande é o mistério (Texto grego: mystérion; Vulgata: sacramentum”) da piedade”.


Barra Mansa, 26 de fevereiro de 2010
Igreja Presbiteriana do Brasil
Bacharel Heber Ramos Bertucci
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Notas:

[1] McGrath, Alister E.  Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à cristã.  Tradução de Marisa K. A. de Siqueira Lopes.  São Paulo – SP: Shedd Publicações, 2005.  p. 575.
[2] A palavra “ortodoxia” é uma transliteração. Feita esta observação, torna-se necessário saber que é uma transliteração. De acordo com Antônio C. Barboza uma transliteração se trata de “representar uma letra de uma palavra por letra diferente no correspondente vocabulário de outra língua.” (Transliterar.  In: Barbosa, Antônio Carlos.  Dicionário dinâmico ilustrado.  20. ed.  São Paulo – SP: Egéria, 1980.  v. 3: (N–Z), p. 665). Lourenço S. Rega e Johannes Bergman também afirmam que “Transliteração (ou: ‘transcrição’) é a representação das letras de um alfabeto pelas letras correspondentes de um outro, levando-se em conta, geralmente, os princípios da fonética.’ (Rega, Lourenço Stelio; Bergmann, Johannes.  Noções do grego bíblico.  São Paulo – SP: Vida Nova, 2004.  Nota 1, p. 11). Aplicando estas definições ao termo “ortodoxia” afirmamos ele é uma transliteração da palavra grega ovrqodoxi,a (orthodoxia) que é formada por dois termos: ovrqo,j (orthós) que significa “certo”, “direto”, e do,xa (dóxa) que quer dizer “opinião”, “doutrina”. (Cf.: Costa, Hermisten M. P. da.  Raízes da teologia contemporânea.  São Paulo – SP: Cultura Cristã, 2004.  p. 233). Por esta definição concluímos que “ortodoxia” significa “crença correta” e aponta para aquilo que deve ser crido como a regra certa de se ser seguida em qualquer sistema de doutrina. (Cf.: Ortodoxia.  In: Champlin, Russel Norman.  Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia.  6. ed. São Paulo – SP: Hagnos, v. 4 (M - O), 2002.  p. 633 – 634; Hermisten M. P. da Costa, Raízes da teologia contemporânea, p. 233 – 235).
[3] Calvino, João.  A instituição da religião cristã.  Tradução de Elaine C. Sartorelli et al.  São Paulo – SP: UNESP, 2009.  Tomo II, Livro IV, XIV, 1, p. 692.  (Edição integral de 1559).
[4] Em todo trabalho científico é de suma importância começar se definindo as palavras chaves da pesquisa. Se vamos aludir neste capítulo sobre “Sacramento”, é necessário definir o que significa esse termo. A palavra portuguesa “definição” vem do termo latino “Definitio”, que, por sua vez, vem do grego o[roj [hóros] que significa “termo” ou “limite” e o`rismo,j [horismós] que quer dizer “delimitação”. (Cf.: Costa, Hermisten M. P. da.  Noções de lógica.  São Paulo - SP, Agosto de 2001.  Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição, Agosto de 2001.  Anotações de aula da disciplina “Lógica” ministrada no Seminário Presbiteriano Rev. J. M. Conceição.  f. 33 (Rodapé) [Trabalho não publicado]). Esses termos já são claros por si só e nos explicam que a definição deve fazer-nos delimitar algo de tal forma que ele se torne mais compreensível a nós. Estevão Bannot de Condillac (1715-1780) afirma: “‘A necessidade de definir é apenas a necessidade de ver as coisas sobre as quais se quer raciocinar e, se fosse possível ver sem definir, as definições se tornariam inúteis.” (E. B. de Condillac apud Ibid., p. 34).
[5] Alister E. McGrath, Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã, p. 575.
[6] Hodge, Charles.  Teologia sistemática.  Tradução de Valter Martins.  São Paulo – SP: Hagnos, 2003. p. 1381.
[7] Pierre Marcel.  Apud Ferreira, Júlio A.  Antologia teológica.  Brasília – DF: Livraria Cristã Unida, 1980.  Apostila II, p. 343.
[8] A palavra etimologia é grega: evtumologi,a (etimología) sendo formada por dois termos: e;tumoj (etmos) que significa “verdadeiro”, “real”, e logo,j (logós) que quer dizer “palavra”. Etimologia significa então “palavra verdadeira” e nesse tipo de definição temos o significado de um termo pela raiz histórica que o compõe. (Hermisten M. P. da Costa, Noções de lógica, f. 34).
[9] Sacramentos.  In: Champlin, Russel Norman.  Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia.  6. ed. São Paulo – SP: Hagnos, v. 6 (S - Z), 2002.  p. 21; Cf.: Costa, Hermisten M. P. da.  O Pai Nosso.  São Paulo – SP: Cultura Cristã, 2001.  p. 293; Berkhof, Louis.  Teologia sistemática.  Tradução de Odayr Olivetti.  2. ed.  São Paulo – SP: Cultura Cristã, 2004.  p. 569; J. C. Lambert.  Sacraments.  In: International Standard Bible encyclopedia.  Albany, OR USA: AGES Software, 1997.  1 CD – ROM.  v. 9: R – Syzygus, p. 400.  (The Ages Digital Library Reference, Version 1.0).  [CD – ROM 1, The Master Christian Libray (“Theology & Collection Library”) © 2000 AGES Software].
[10] Cf.: Charles Hodge, Teologia sistemática, p. 1380; Russel N. Champlin, Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia.  v. 6 (S - Z), p. 21.
[11] Cf.: Kuiper, R. B.  El cuerpo glorioso de Cristo.  Traducido por Héctor Pina.  Grand Rapids – Michigan, 1985.  p. 192.
[12] Cf.: Sacramentos.  In: Russel N. Champlin, Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofiav. 6 (S - Z), p. 21.
[13] Cf.: Pierre Marcel.  Apud Júlio A. Ferreira, Antologia teológica.  Apostila II, p. 343.
[14] Cf.: Tertuliano.  Apud  Alister E. McGrath, Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã, p. 577.
[15] A palavra sistemática vem de “sistema”, que por sua vez é um termo originário do grego su,sthma [sýstema] e significa “combinar” ou “formar um conjunto”. Já o termo “sistemático” é também de origem grega, sunista,w [synistáo], que quer dizer “organizar, coligar, congregar.” (Cf.: Costa, Hermisten M. P. da.  Teologia sistemática: prolegômena.  São Paulo - SP, Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição, Fevereiro de 2005.  f. 65.  Anotações parciais de aula da disciplina Teologia Sistemática I (Prolegômena/Teontologia e Antropologia), ministrada no Seminário Presbiteriano Rev. JMC.  [Trabalho não publicado]). Estas definições nos levam a refletir que a definição sistemática é aquela que abrange a definição etimológica, acrescentando a ela aspectos históricos e críticos, tornando-a mais substanciosa e compreensível para o mundo acadêmico.
[16] Cf.: Schaff, David S.  Nossa crença e a de nossos pais.  Tradução de Nicodemus Nunes.  2. ed.  São Paulo – SP: Imprensa Metodista, 1964.  p. 290.
[17] Hodge, Alexander A.  Confissão de Fé Westminster: comentada por A. A. Hodge.  Tradução de Valter G. Martins.  São Paulo – SP: Os Puritanos, 1999.  Comentário do Cap. XXVII, Seções I – III, p. 443.
[18] J. C. Lambert.  Sacraments.  In: International Standard Bible encyclopedia.  v. 9: R – Syzygus, p. 400.  [Tradução nossa].
[19] Cf.: Hermisten M. P. da Costa, O Pai Nosso, p. 293.
[20] J. C. Lambert.  Sacraments.  In: International Standard Bible encyclopedia.  v. 9: R – Syzygus, p. 400.  [Tradução nossa].
[21] Louis Berkhof, Teologia sistemática, p. 569.
[22] Cf.: Alexander A. HodgeConfissão de Fé Westminster: comentada por A. A. Hodge.  Comentário do Cap. XXVII, Seções I – III, p. 442.
[23] Louis Berkhof, Teologia sistemática, p. 569.
[24] Charles Hodge, Teologia sistemática, p. 1380 – 1381.
[25] J. C. Lambert.  Sacraments.  In: International Standard Bible encyclopedia.  v. 9: R – Syzygus, p. 400.  [Tradução nossa].
[26] Cf.: Alister E. McGrath, Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã, p. 575.
[27] David S. Schaff, Nossa crença e a de nossos pais, p. 290.
[28] Cf.: Charles Hodge, Teologia sistemática, p. 1381.
[29] Nascimento, Adão Carlos; Matos, Alderi Souza de.  O que todo presbiteriano inteligente deve saber.  Santa Bárbara d’Oeste – SP: SOCEP, 2007.  p. 153.
[30] João CalvinoA instituição da religião cristã.  Tomo II, Livro IV, XIV, 13, p. 702.
[31] Hermisten M. P. da Costa, O Pai Nosso, p. 293.
[32] Cf.: Plínio, o Moço.  In: Champlin, Russel Norman.  Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia.  6. ed. São Paulo – SP: Hagnos, v. 5 (P - R), 2002.  p. 302.
[33] David S. Schaff, Nossa crença e a de nossos pais, p. 290.
[34] J. C. Lambert.  Sacraments.  In: International Standard Bible encyclopedia.  v. 9: R – Syzygus, p. 400.
[35] Tertuliano era africano. Sobre este fato McGrath faz um comentário interessante. Ele explica porque na região de Tertuliano, no norte da África, houve grande avanço da teologia da doutrina dos sacramentos: “Talvez os maiores avanços da reologia dos sacramentos tenham ocorrido na colônia romana do norte da África, nos séculos III e IV, sendo possível notá-los nas obras de Tertuliano, Cipriano de Cartago e Agostinho de Hipona. É curiosos notar o motivo pelo qual esses avanços estão ligados a essa região específica. Uma possível razão para isso é que a igreja nessa região estava sujeita a circunstâncias particularmente difíceis, inclusive à perseguição. (Devemos nos lembrar de que Cipriano morreu como mártir nas mãos das autoridades romanas.) Assim, a Igreja do norte da África caracterizava-se por um forte senso de solidariedade em face das difíceis condições que enfrentava. Como fruto disto, a igreja africana depositava uma grande importância na solidariedade dos fiéis e nas formas pelas quais esta poderia ser mantida e aperfeiçoada. Aqui entra o papel dos sacramentos, como um aspecto viral desta estratégia.” (Alister E. McGrath, Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã,            p. 576).
[36] Apresentamos aqui uma síntese histórica do que é ser um “Pai da Igreja” para que nossos leitores sintam-se mais encontradiços com o significado dessa expressão: 1 – Na história judaica e apostólica – De acordo com o historiador protestante Christopher A. Hall, “A idéia de um pai na fé tem uma longa história no uso bíblico e eclesiológico.” (Hall, Christopher A.  Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja.  Tradução de Rubens Castilho.  Viçosa – MG: Ultimato, 2002.  p. 52). Na história judaica, por exemplo, “Às vezes, os rabinos eram chamados pais...”. (Ibid., p. 52). Talvez por causa dessa tradição é que o apóstolo Paulo se autodenomina “pai” para a Igreja de Corinto: Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus.” (I Co. 4:15). Já que o próprio Paulo se intitulou de “pai” espiritual, convém notar que alguns dos antigos escritores eclesiásticos se referiram aos apóstolos como “pais”. (Cf.: Ibid., p. 52). É o caso, por exemplo, de Clemente de Roma (m. 97 ou 101 d.C.), ao escrever para a Igreja de Corinto: “Concordes e sem ressentimento, em paz e caridade, em constante moderação, segui o exemplo dos patriarcas que vos temos recordado e que agradaram pela sua humildade para com o Pai, Deus e Criador, e para com os homens.” (São Clemente de Roma.  In: Folch Gomes; Cirilo (comp.).  Antologia dos santos padres: páginas seletas dos antigos escritores eclesiásticos.  3. ed. (rev.).  São Paulo, Paulinas, 1985.  LXII, 24, p. 27); 2 – Para designar os bispos no geral – Gomes afirma que “Historicamente, o título de ‘Padres’ foi dado no início simplesmente aos bispos”. (Cirilo Folch Gomes (comp.).  Antologia dos santos padres: páginas seletas dos antigos escritores eclesiásticos.  Introdução, p. 9). Hermisten Maia P. da Costa, teólogo protestante, acrescenta que “O designativo ‘Pais’ foi aplicado aos bispos da Igreja no segundo século.” (Costa, Hermisten M. P. da.  A inspiração e inerrância das Escrituras: uma perspectiva reformada.  São Paulo – SP: Cultura Cristã, 1998.  Nota 29, p. 22). Um exemplo claro disso nós vemos na clássica obra anônima “O Martírio de Policarpo”. Ele relata que os judeus e gentios que estavam contra Policarpo e queriam sua morte, o acusavam dizendo: “’Este é o mestre da Ásia, o pai dos cristãos, o destruidor de nossos deuses, o que ensinou a muitos a não sacrificar e a não adorar.’” (“O Martírio de Policarpo”.  Apud  Eusébio de Cesaréia.  História eclesiástica.  Tradução de Wolfgang Fischer.  São Paulo – SP: Novo Século, 1999. I V, XV, 26, p. 131.  (Grifo nosso)); 3 – Para designar mestres antigos – Hall também afirma que o termo “Pai” no passado “... geralmente designa um professor que está instruindo e guiando discípulos para a verdade religiosa e filosófica.” (Christopher A. Hall, Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja, p. 52). Esse uso é também visto entre os ascetas  no deserto. Gomes relata que também recebiam às vezes o designativo “Pai”, “... os ascetas, que nos desertos ofereciam uma palavra espiritual, geradora de vida, aos que os procuravam.” (Cirilo Folch Gomes (comp.).  Antologia dos santos padres: páginas seletas dos antigos escritores eclesiásticos.  Introdução, p. 9). O protestante Alderi S. de Matos afirma que esse costume de se chamar um mestre de “pai” também adentrou as portas da Igreja Cristã: “Já na antiguidade se convencionou dar tal designação aos grandes escritores e mestres cristãos, os formadores da teologia cristã.” (Matos, Alderi S. de.  Fundamentos da teologia histórica.  São Paulo – SP: Mundo Cristão, 2008.  p.  27.  (Coleção Teologia Brasileira)). Como prova disso temos dois relatos importantes. Ireneu de Lião (130 – 202 d.C.) escreve: “Pois quando alguma pessoa é ensinada pela boca de outra, ela é chamada de filho de quem a instruiu, [e] este [é chamado] seu pai.” (Irenaeus.  Against heresies.  Book 4, Chapter 41, 2.  p. 1044.  In: Roberts, Alexander; Donaldson, James. (Eds).  The Ante-Nicene fathers: The Writings of the Fathers down to A. D. 325.  Albany, OR USA: AGES Software, 1997.  1 CD-ROM.  v. 1 (The Apostolic Fathers, Justin Martyn e Irenaeus).  (The Ages Digital Library Collections, Version 2.0).  [CD-ROM 1, The Master Christian Library (“Theology & Collection Library”) © 2000 AGES Software].    (Tradução minha)). E também o contemporâneo de Ireneu, Clemente de Alexandria (150 – 215), relata: “E todo aquele que é instruído, está em respeito de sujeição, a filho de seu instrutor.” (Clemente de Alexandria.  The Stromata, or Miscellanies.  Book 1, chapter 1, p. 584 – 585.  In: Roberts, Alexander; Donaldson, James. (Eds).  The Ante-Nicene fathers: The Writings of the Fathers down to A. D. 325.  Albany, OR USA: AGES Software, 1997.  1 CD-ROM.  v. 2 (Fathers of the second century: Hermas, Tatian, Athenagoras, Theophilus e Clemente of Alexandria (Entire)).  (The Ages Digital Library Collections, Version 2.0).  [CD-ROM 1, The Master Christian Library (“Theology & Collection Library”) © 2000 AGES Software]; 4 – Para designar os que defendiam a fé ortodoxa – De acordo com Hall, “O termo [“pai”] adquiriu sentido mais técnico desde o quarto século, especialmente no contexto das controvérsias teológicas que povoaram o quarto e quinto séculos.” (Christopher A. Hall, Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja, p. 52). Por exemplo, os bispos que participaram fielmente das decisões do Concílio de Nicéia (325 d.C.), Constantinopla (381) e Calcedônia (451) foram intitulados de “Pais da Igreja” porque foram representantes da tradição ortodoxa da Igreja, assim como um dia o foram os anciãos no judaísmo. (Cf.: Christopher A. Hall, Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja, p. 52; Cirilo Folch Gomes (comp.).  Antologia dos santos padres: páginas seletas dos antigos escritores eclesiásticos.  Introdução, p. 9). Devemos saber também que não apenas os bispos ortodoxos foram chamados “pais”, mas também o foram todos que defendiam a coerente doutrina cristã contra as heresias que surgiam a todo instante. Por exemplo, Agostinho de Hipona (354 – 420) chama Jerônimo, que não era bispo, de “pai”. (Cf.: Christopher A. Hall, Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja, p. 52).
[37] J. C. Lambert.  Sacraments.  In: International Standard Bible encyclopedia.  v. 9: R – Syzygus, p. 400.  [Tradução nossa]. Cf.: Adão Carlos Nascimento; Alderi Souza de Matos, O que todo presbiteriano inteligente deve saber, p. 153.
[38] David S. Schaff, Nossa crença e a de nossos pais, p. 290.
[39] Sacramentos.  In: Russel N. Champlin, Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia.  v. 6 (S - Z),                     p. 21.
[40] Alister E. McGrath, Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã,            p. 577.
[41] Adão Carlos Nascimento; Alderi Souza de Matos, O que todo presbiteriano inteligente deve saber, p. 153 – 154.
[42] João CalvinoA instituição da religião cristã.  Tomo II, Livro IV, XIV, 13, p. 702.
[43] De acordo com Norman Geisler e Willian Nix, no seu livro “Introdução bíblica: como a Bíblia chegou até nós”, “Tecnicamente falando, versão é uma tradução da língua original (ou com consulta direta a ela) para outra língua, ainda que comumente se negligencie essa distinção. O segredo para a compreensão é que a versão envolve a língua original de determinado manuscrito.” (Geisler, Norman; Nix, Willian.  Introdução bíblica: como a Bíblia chegou até nós.  Tradução de Oswaldo Ramos.  São Paulo – SP: Vida, 1997.  p. 184).
[44] Alister E. McGrath, Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã,            p. 576.
[45] Cf.: David S. Schaff, Nossa crença e a de nossos pais, p. 290.
[46] J. C. Lambert.  Sacraments.  In: International Standard Bible encyclopedia.  v. 9: R – Syzygus, p. 400.  [Tradução nossa].
[47] O termo “Vulgata” significa “comum” e foi aplicado a tradução de Jerônimo somente no fim da Idade Média. Para um síntese da história da realização desta tradução ver: Hermisten M. P. da Costa, A inspiração e inerrância das Escrituras: uma perspectiva reformada, p. 68 – 70.
[48] Para uma biografia interessante sobre Jerônimo, consultar: Bento XV.  Spiritus Paraclitus.  I, 2.  In: Bazaglia, Paulo (Ed.).  Documentos Sobre a Bíblia e sua Interpretação (1893 – 1993).  São Paulo – SP: Paulus, 2004.  V. 10, p. 47 – 92.  [Encíclica dada em Roma no dia 15 de Setembro de 1920].  (Coleção Documentos da Igreja).
[49] Dâmaso [? - ?] foi Papa de 1º out. 366 – 11 dez. 384. (Cf.: Dâmaso I: 1º out. 366 – 11 dez. 384.  In: Denzinger, Heinrich; Hünermann, Peter.  (Orgs.).  Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral.  Traduzido com base na 40ª edição alemã (2005) por José M. Luz e Johan Konings.  São Paulo – SP: Paulinas / Loyola, 2007.  p. 63). Sobre a sua vida, temos: O Papa Dâmaso I (304 – 384) nasceu “... em Roma, [e era] filho de um sacerdote.(Dâmaso I.  In: Mcbrien, Richard P.  Os Papas: os pontífices: de São Pedro a João Paulo II.  Tradução de Barbara T. Lambert.  São Paulo – SP: Loyola, 2000.  p. 66). Ele servia a Igreja de Roma onde “... foi ordenado diácono...” (Dâmaso I.  In: Ibid., p. 66). Foi eleito Bispo em 366 ficando no posto até a sua morte em 384.  Como visão geral de seu papado podemos afirmar que ele: “Edificou várias Igrejas; entre elas a de S. Lourênço em Roma; mandou que no fim dos salmos se acrescentasse o glória Patri; escreveu muitas obras em prosa e verso...” (Bosco, João.  História eclesiástica.  Tradução revista e cotejada com a edição italiana de 1952 por L. Marcigaglia.  6. ed.  São Paulo – SP: Salesiana, 1960.  p. 104); Foi “Um dos mais dinâmicos defensores do primado de Roma na Igreja primitiva” (Dâmaso I.  In: Richard P. Mcbrien, Os Papas: os pontífices: de São Pedro a João Paulo II, p. 65); De acordo com os historiadores Católicos Karl Bihlmeyer e Hermann Tuechle, “... foi também o primeiro entre os Papas a chamar a Igreja de Roma de ‘Sede Apostólica’.” (Bihlmeyer, Karl; Tuechle, Hermann.  História da Igreja.  Tradução de Ebion de Lima.  São Paulo – SP: Paulinas, 1960.  v. I (Antiguidade Cristã – 692), p. 110). Além disso, “Dâmaso incentivou o culto dos mártires, restaurando e decorando seus túmulos com inscrições (epitáfios) em mármore que ele mesmo escreveu” (Dâmaso I.  In: Richard P. Mcbrien, Os Papas: os pontífices: de São Pedro a João Paulo II, p. 65 – 66).  Essas inscrições continham “expressões de louvor”.  (Dâmaso I.  In: Fischer - Wollpert, Rudolf.  Os Papas: de Pedro a João Paulo II.  5. ed.  Tradução de Antônio E. Allgayer.  Petrópolis – RJ: Vozes, 1999.  p. 24). Foi Damaso quem “... autorizou o seu secretário, S. Jerônimo (+ c. 420), a compor outra tradução do Novo Testamento (mais tarde conhecida como Vulgata), baseada no grego do original” (Dâmaso I.  In: Richard P. Mcbrien, Os Papas: os pontífices: de São Pedro a João Paulo II, p. 66). E ele ainda “... organizou os arquivos papais, instituiu o latim como língua litúrgica principal em Roma...”. (Ibid,. p. 67). Dâmaso tinha bom apreço por parte de Graciano (359 - 383), Imperador do Ocidente Romano entre 375 – 383. Bihlmeyer e Tuechle narram que “Por proposta ele um sínodo havido em Roma, o imperador Graciano, com decreto de 378, conferiu ao Papa Dâmaso o supremo poder judiciário sobre todos os metropolitas do Ocidente”. (Karl Bihlmeyer; Hermann TuechleHistória da Igreja.  v. I (Antiguidade Cristã – 692), p. 319).
[50] De acordo com João Paulo II (1920 – 2005), na Carta Apostólica “Laetamur Magnopere”, o ano de 1997 foi o ano em que foi aprovada a edição típica latina do Catecismo da Igreja Católica. A primeira versão desse novo Catecismo foi a edição francesa, que foi publicada com autorização da Santa Sé com a Constituição Apostólica Fidei Depositum, de João Paulo II, em 11 de outubro de 1992. Neste documento, o Papa polonês afirma: “O ‘Catecismo da Igreja Católica’ é fruto de uma vastíssima colaboração: foi elaborado em seis anos de intenso trabalho, conduzido num espírito de atenta abertura e com apaixonado ardor. Em 1986, confiei a uma Comissão de doze Cardeais e Bispos, presidida pelo senhor Cardeal Joseph Ratzinger, o encargo de preparar um projeto para o Catecismo requerido pelos Padres do Sínodo. Uma Comissão de redação, composta por sete Bispos diocesanos, peritos em teologia e em catequese, coadjuvou a Comissão no seu trabalho.” (João Paulo II.  Constituição Apostólica Fidei Depositum.  In: Catecismo da Igreja Católica.  9. ed. [Revisada de acordo com o texto oficial em latim].  São Paulo – SP: Loyola, 2006.  p. 9). Sobre o conteúdo do Catecismo, João Paulo II escreve: “o ‘Catecismo da Igreja Católica’ por um lado retoma a ‘antiga’ ordem, a tradicional, já seguida pelo Catecismo de São Pio V, articulando o conteúdo em quatro partes: o Credo; a sagrada Liturgia, com os sacramentos em primeiro plano; o agir cristão, exposto a partir dos mandamentos; e por fim a oração cristã. Mas, ao mesmo tempo, o conteúdo é com freqüência expresso de modo ‘novo’, para responder às interrogações de nossa época. As quatro partes estão ligadas entre si: o mistério cristão é o objeto da fé (primeira parte); é celebrado e comunicado nos atos litúrgicos (segunda parte); está presente para iluminar e amparar os filhos de Deus em seu agir (terceira parte); fundamenta nossa oração, cuja expressão privilegiada é o ‘Pai-Nosso’, e constitui o objeto da nossa súplica, de nosso louvor e de nossa intercessão (quarta parte).” (João Paulo II.  Constituição Apostólica Fidei Depositum.  In: Catecismo da Igreja Católica.  p. 10).
[51] Catecismo da Igreja Católica.  Primeira parte, Segunda seção, Cap. III, Art. 9, III, 774, p. 222.
[52] O termo “helenismo” é oriundo da palavra grega {Ellhn (hellen) que significa “grego”, ou “alguém que fala grego” (Cf.: {EllhnIn: Gingrich, F. Wilbur; Danker, Frederick.  Léxico do N.T. grego/português.  Tradução de Júlio P. T. Zabatiero.  São Paulo – SP: Vida Nova, 2003.  p. 70). Ele é usado para designar “... o período de cultura Gr. a partir de Alexandre Magno (356 – 323 a.C.) até o início do Império Romano sob Augusto (31 a.C.), i. é, até aproximadamente o início da era cristã.” (Helenismo.  In: Coenen, Lothar; Brown, Colin (orgs.).  Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento.  Tradução de Gordon Chown.  2. ed.  São Paulo – SP: Vida Nova, 2000.  v. I (A – M), Glossário, p. LXVI). O ideal de Alexandre Magno era helenizar os seus domínios e isso “... consistia em difundir a língua grega, as artes, as religiões e a filosofia. Mas não proibia que os seus vassalos preservassem as suas instituições e a sua religião (templo e culto).” (Santos, João Alves dos.  Panorama bíblico do Novo Testamento.  São Paulo - SP, Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição, s. d.  Anotações de aula da disciplina “Introdução ao Novo Testamento” ministrada no Seminário Presbiteriano Rev. J.M.C.  f. 4.  [Trabalho não publicado]).
[53] Günter Finkenrath.  musth,rionIn: Coenen, Lothar; Brown, Colin.  Dicionário internacional de Teologia do Novo Testamento.  Tradução de Gordon Chown.  2. ed.  São Paulo – SP: Vida Nova, 2004.  v. II (N – Z), p. 2282.
[54] Günter Finkenrath.  musth,rionIn: Ibid., p. 2282.
[55] Günter Finkenrath.  musth,rionIn: Ibid., p. 2282.
[56] Charles Hodge, Teologia sistemática, p. 1381.
[57] Pierre C. Marcel.  Apud Júlio A. Ferreira.  Antologia teológica.  Apostila II, p. 343.
[58] Alexander A. HodgeConfissão de Fé Westminster: comentada por A. A. Hodge.  Comentário do Cap. XXVII, Seções I – III, p. 444.
[59] Pierre C. Marcel.  Apud Júlio A. Ferreira.  Antologia teológica.  Apostila II, p. 343.
Alexander Hodge sobre isso relata que sacramentum “... naturalmente veio a ser aplicado num sentido geral e vago às ordenanças cristãs do Batismo e da Ceia do Senhor, e com eles também a muitas outras doutrinas e ordenanças religiosas.” (Alexander A. HodgeConfissão de Fé Westminster: comentada por A. A. Hodge.  Comentário do Cap. XXVII, Seções I – III, p. 444).
[60] Pierre C. Marcel.  Apud Ibid., p. 343.
[61] Louis Berkhof, Teologia sistemática, p. 569.
[62] Ibid., p. 569 – 570.
[63] Alister E. McGrath, Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã, p. 577.
[64] David S. Schaff, Nossa crença e a de nossos pais, p. 290.
[65] Adão Carlos Nascimento; Alderi Souza de Matos, O que todo presbiteriano inteligente deve saber, p. 153.